Taurus age rapidamente para se proteger de tarifas e prevê resultados positivos
Taurus reforçou seus estoques nos EUA e aumentou a produção de carregadores, além de promover reuniões com autoridades americanas e nacionais.
Em teleconferência de resultados, o CEO da Taurus (TASA4), Salésio Nuhs, afirmou nesta quarta-feira (13/08) que a imposição da tarifa de 50% pelos Estados Unidos representa um desafio significativo para a companhia, mas ressaltou que a empresa agiu rapidamente para se proteger da taxação sobre seus produtos.
Entre as medidas adotadas, destacam-se a transferência de estoques para os Estados Unidos, o aumento da produção de carregadores, com envio do excedente para o mercado norte-americano, e a manutenção de um estoque estratégico significativo no país.
Para minimizar os impactos, segundo o CEO, a empresa também promoveu reuniões com a embaixada americana, o governador do Rio Grande do Sul em busca de benefícios fiscais, o vice-presidente da República, o Ministério da Defesa, destacando a relevância da companhia para a economia local e a defesa nacional, e o Ministério da Fazenda. Nuhs ressaltou ainda que a Taurus busca apoio junto a autoridades nos Estados Unidos.
Transferência da produção
O CEO da Taurus destacou que, apesar de a companhia possuir uma unidade fabril nos Estados Unidos, toda a estrutura de tecnologia, desenvolvimento de produtos e processos de materiais permanece sediada no Brasil, onde a empresa desempenha papel estratégico para a defesa nacional.
Diante do cenário complexo de tarifas, a companhia tem avaliado cuidadosamente todas as variáveis. Segundo Nuhs, o Governador da Geórgia enviou uma assessora ao Brasil e o Sérgio, responsável pelas operações nos EUA, está organizando uma reunião em 26 de agosto no Brasil para tratar do tema.
Na semana passada, a Taurus iniciou a transferência da linha de montagem da família G para os Estados Unidos. Com isso, a capacidade de produção americana deverá atingir cerca de 900 armas por dia a partir de setembro, em uma produção total de aproximadamente 2.100 armas destinadas ao mercado norte-americano. Essa estratégia visa reduzir a incidência de tarifas sobre peças enviadas desmontadas, sem embalagens e sem margens de lucro, otimizando os preços de transferência.
A companhia aguarda o pacote de medidas do governo brasileiro, que, embora não resolva completamente a questão estratégica, poderá reduzir efeitos sobre o fluxo de caixa. Nuhs observou que, na sua análise pessoal, a tarifa não deve chegar a 50%, mas evitou fazer previsões oficiais.
Ele reforçou que os produtos da Taurus têm grande demanda nos EUA, especialmente por questões ligadas à liberdade e à Segunda Emenda da Constituição americana. A empresa tem intensificado reuniões com autoridades, incluindo a equipe do Vice-Presidente dos EUA, para equilibrar a operação brasileira com a unidade americana, evitando impactos negativos na produção local.
Nuhs afirmou que a situação segue sob monitoramento e que decisões importantes serão tomadas em breve, mas destacou que as medidas já adotadas garantirão resultados positivos até o fim do ano.
Margem bruta recorde
Sergio Sgrillo, CFO da Taurus, ressaltou a forte resiliência operacional da companhia diante da tarifa de 10% aplicada aos produtos vendidos nos Estados Unidos. Segundo ele, a melhora no mix de vendas e o rigor no controle de custos permitiram à empresa alcançar uma margem bruta de 38%, melhor margem desde 2023, resultado que classificou como surpreendente diante do impacto direto da tarifa sobre os custos.
Nuhs também lembrou que, em 1º de julho, a Taurus promoveu um reajuste médio de 7% na tabela de preços nos Estados Unidos, visando compensar a tarifa de importação de 10% aplicada em abril.
Recuperação das vendas nos EUA
De acordo com Salésio Nuhs, apesar da cautela do consumidor americano em um cenário econômico marcado por tarifas, juros altos e menor renda disponível, a Taurus conseguiu recuperar as vendas, impulsionadas pela demanda por armas de entrada e modelos mais acessíveis — segmento no qual a companhia tem forte presença.
Além disso, Nuhs destacou que a companhia vem conquistando market share nos produtos de maior valor agregado, como revólveres, contribuindo para a elevação das margens.
Fonte: https://www.infomoney.com.br/